Campeão olímpico, finalista da Copa América e mais: os brasileiros do Al-Hilal que podem ameaçar Fluminense no Mundial
Quatro brasileiros integram o elenco do futebol saudita, com currículos extensos em clubes ao redor do mundo. Duelo pelas quartas contra Fluminense está marcado para 16h
A imagem de Marcos Leonardo segurando a bandeirinha do escanteio com a camisa do Al-Hial, após fazer o gol da vitória por 4 a 3 sobre o Manchester City, na prorrogação, já se tornou um dos momentos mais icônicos da Copa do Mundo de Clubes. Para o público brasileiro, o jogador é um velho conhecido. Ao lado de Kaio César e Malcom, ele compõe o trio de ataque do Brasil no time Saudita, que tem ainda Renan Lodi na primeira linha e pode complicar a vida do Fluminense nas quartas de final.
Às 16h desta sexta, o time comandado por Renato Gaúcho entrará em campo no estádio Camping World, em Orlando. Nas oitavas contra a Inter de Milão, o treinador do Fluminense bolou uma estratégia que deu certo para neutralizar as maiores armas do adversário, como Mkhitaryan e Lautaro Martinez. A missão agora é diminuir a efetividade de Marcos Leonardo, Malcom e Kaio Cesar, destaques do Al-Hilal.
Algoz do Manchester City, com dois gols marcados no eletrizante duelo das oitavas, Marcos Leonardo começou no futebol na base do Santos, aos 13 anos. Ele foi subindo no clube, mas foi com a seleção brasileira sub-20 que o atacante passou a se destacar. Marcos Leonardo entrou em campo oito vezes e teve participação em 12 gols, balançando as redes em 11 oportunidades. Ele foi destaque na campanha frustrada do Brasil no Mundial Sub-20, que parou nas quartas em 2023, terminando com cinco gols e uma assistência.
Em 2020, aos 17 anos, ele foi promovido ao time titular do Santos e logo encontrou seu espaço, mas, assim como aconteceria na seleção sub-20, seus números altos como artilheiro não foram suficientes para melhorar o desempenho da equipe. Apesar de deixar o clube com média de 0,37 participação em gol por jogo, ficou mais marcado pelo rebaixamento do Santos em 2023.
No ano seguinte, foi transferido para o Benfica, e aproveitou a passagem pelo futebol português: foram 24 jogos, 20 gols marcados e oito assistências — cerca de 1,2 participação em gol por jogo. Logo, chamou a atenção dos sauditas, e ainda em 2024 se transferiu para o novo clube, onde tem o maior sucesso da carreira até então.
Com 20 gols marcados em 2025, Marcos Leonardo é o principal goleador do mundo. Ele visa seu primeiro título da carreira e pode se aproximar do feito caso o Al-Hilal vença o Fluminense e avance paras as quartas de final. No clube saudita, Marcos Leonardo vive sua melhor fase com 42 gols em 24 jogos (média de 1,75) — a expectativa é que o número aumente mais ainda com o duelo das quartas.
Ao seu lado no ataque, está o alagoano Kaio Cesar, de 21 anos. Por coincidência do destino, o jogador já chegou a participar de testes no Fluminense, na adolescência, mas não passou na seletiva. Um dos jogadores mais baixos do torneio — tem 1.60m, o mesmo que Soteldo, do Fluminense —, ele teve dificuldades para engrenar em clubes de base, e foi dispensado do Sport depois de um ano.
Foi então que o Coritiba viu potencial no garoto, e ele passou a disputas as categorias de base pelo clube desde 2019, no sub-19, e foi profissionalizado em 2023, aos 18 anos. Ele fez temporada consistente e, no ano seguinte, foi emprestado ao Vitória de Guimarães, de Portugal. A equipe exerceu e o direto de compra, mas não ficou com o jogador por muito tempo.
Em janeiro deste ano, ele finalizou o acerto com o Al-Hilal, e disputa espaço na titularidade do clube. No jogo contra o City, entrou no segundo tempo, justamente na vaga de Malcom, o terceiro brasileiro no ataque do Al-Hilal. No clube saudita, ele entrou em campo 19 vezes, marcou três gols e deu três assistências.
Ao lado de Renan Lodi, o atacante Malcom já está no fim de sua segunda temporada pelo clube saudita. Ele já viveu glórias como o título de Saudi Pro League, Supertaça da Arábia Saudita e King’s Cup. No currículo, ele tem também um título de La Liga pelo Barcelona (2018/19), um Brasileirão (Corinthians em 2015) e nove títulos nacionais russos (pelo Zenit, entre 2019 e 2023). Em seleções, foi parte da campanha que levou ao bicampeonato em Tóquio-2020.
No clube Saudita desde a temporada de 2023/24, ele vive a expectativa de sua 100ª partida, onde poder ainda mais a conta de 39 gols e 30 assistências — uma média dr 0,7 de participação em gol por jogo. Os números globais do atleta também chamam atenção: são 398 partidas como profissional, com 118 gols marcados e 66 assistências. Pela seleção brasileira profissional, foi convocado uma vez para amistosos, mas acumulou poucos minutos em campo em 2023 e não voltou a ser chamado.
[Enquanto o trio brasileiro se destaca no ataque, a primeira linha do Al-Hilal está segura com Renan Lodi na lateral esquerda. Aos 27 anos, ele acumula mais passagens pela seleção brasileira do que os companheiros de elenco, e é nome conhecido dos torcedores do Brasil. Principalmente pela campanha no Atlético Paranaense, onde saiu com uma Copa do Brasil, um Campeonato Paraense e uma Sul-Americana, entre 2018 e 2019).
De lá, Lodi foi alçar voos mais altos, e se transferiu para o Atlético de Madrid. Na Espanha, venceu o campeonato espanhol na temporada 2020/21, e não demorou a ser negociad. Ele teve passagens menos brilhantes pelo Nottingham Forest, da Inglaterra, e pelo Olympique de Marselha, na França, até se transferir ao Al-Hilal em 2023 e recuperar o alto nível de seu futebol.
Liderança interna no clube, Lodi foi fundamental para as campanhas que terminaram com três títulos em duas temporadas. Mas mesmo com o sucesso no clube, ele não se dá por satisfeito pela ausência nas listas da seleção brasileira. Figurinha repetida entre 2019 e 2023, ele fez parte da campanha da Copa América de 2021, quando o Brasil foi derrotado pela Argentina na final, diante de um Maracanã lotado.
Desde então, ele não hesita em demonstrar insatisfação pelos quase dois anos fora da consideração dos treinadores — justamente no tempo em que passou a atuar no futebol saudita. Em entrevista ao Globo Esporte, o jogador ressaltou suas estatísticas no clube saudita — marcou quatro vezes e passou para nove gols na temporada 2024/205 — para expressar sua indignação de ter sido convocado pela última vez quando Fernando Diniz ainda era o comandante.
— Eu pensava que ia ter oportunidade de novo (com Ancelotti). Não sei se a CBF ou quem faz as convocações tem preconceito com a liga saudita, porque na temporada eu fui o lateral que mais fez gols, mais deu assistências. Eu acho que eu merecia ter uma oportunidade. Mas também não fico pensando nisso, foco no meu clube, em ser campeão. Se aparecer um dia, vou agradecer muito — desabafou.
*Com informações de Extra