ESG e Acessibilidade: Por que a inclusão real é o melhor
investimento

Por Mariana Borges

Recentemente, tive a honra de participar de um debate sobre um tema que, para mim, é a
essência de uma liderança verdadeiramente sustentável: a acessibilidade no contexto das
estratégias ESG
(Ambiental, Social e Governança).

Costumamos ver esses três pilares – Ambiental, Social e Governança – como campos
distintos, mas, como pude compartilhar e aprofundar nessa conversa, a inclusão plena, que
passa inevitavelmente pela acessibilidade, é o elo que os conecta e eleva.

Para quem está começando a mergulhar no universo ESG, vale a pena relembrar:

O pilar Ambiental (E) trata da relação da empresa com o planeta: como ela gerencia
seus recursos, reduz seu impacto ecológico e busca soluções mais limpas.
O Social (S) foca nas pessoas: desde a relação com seus colaboradores, clientes e
fornecedores, até o impacto na comunidade e na sociedade em geral. Aqui, a
diversidade, a equidade e, claro, a inclusão são fundamentais.
A Governança (G) se refere à forma como a empresa é administrada, garantindo
transparência, ética e responsabilidade.

Tradicionalmente, a sustentabilidade é muitas vezes associada primeiramente ao “E” de
Ambiental – a redução de emissões, a reciclagem. E, embora estes sejam aspectos
importantes, uma visão correta da sustentabilidade, vai muito além. Ela passa pela
capacidade de incluir a todos – com dignidade, estratégia e verdade. É nesse ponto que a
acessibilidade deixa de ser um “extra” ou um “checklist” e se torna uma questão estratégica,
um instrumento de inovação e pertencimento no coração do pilar Social.

Acessibilidade: Inclusão desde a raiz, não apenas adaptação

Muitas empresas ainda encaram a acessibilidade como uma adaptação ou uma obrigação
legal, algo a ser corrigido depois que o produto, serviço ou ambiente já está pronto. No
entanto, a perspectiva que eu acredito, e que é fundamental para uma verdadeira liderança
ESG, é que a acessibilidade precisa ser pensada desde a concepção. Ela deve ser um
elemento de projeto, e não de adaptação.

Quando a inclusão é um pilar desde o início, evita-se retrabalhos custosos e, mais
importante, garante-se que as soluções sejam realmente eficazes e integradas. O grande
desafio é mudar a mentalidade para que as empresas realmente “escutem” e cocriem com a
diversidade de seus públicos. Isso significa envolver pessoas com deficiência no processo
de design, no desenvolvimento e na avaliação, garantindo que as soluções atendam às suas
necessidades reais e não apenas a suposições.

Da percepção de custo ao valor tangível: Acessibilidade como motor de inovação e lucratividade

Um dos questionamentos mais frequentes no universo ESG, e que tive a oportunidade de
abordar no painel, é como provar que a sustentabilidade, e em particular as práticas sociais
como a acessibilidade, geram retorno financeiro. Segundo pesquisas recentes, esse é o
principal obstáculo para a maioria dos executivos brasileiros.

No entanto, a acessibilidade é um exemplo de que a inclusão é, sim, um investimento
estratégico com retorno. Empresas que abraçam a inclusão fortalecem sua reputação e se
tornam significativamente mais inovadoras. Estudos recentes demonstram que
organizações inclusivas são, de fato, muito mais propensas a inovar. A diversidade de
perspectivas trazida pela inclusão impulsiona a criatividade, levando ao desenvolvimento de
soluções que beneficiam um público muito mais amplo e, consequentemente, abrem novos
mercados.

Pense no Festival Na Praia, que acontece todos os anos em Brasília, por exemplo. Um dos
maiores eventos sustentáveis do Brasil, ele tem se tornado uma referência em inclusão. O
que o Na Praia faz vai muito além de cumprir normas; eles implementam soluções como
coletes vibrotáteis que permitem sentir a música através da vibração, salas sensoriais para
oferecer um refúgio de calma e mapas táteis para orientação. Essas são inovações que
enriquecem a experiência para todos os frequentadores, ampliam o alcance do evento e
solidificam a imagem da marca como um agente de transformação social.

Esse tipo de iniciativa, embora exija um investimento inicial e uma mudança de mentalidade,
gera um retorno expressivo em termos de engajamento do público, percepção de marca e
um legado duradouro. É um exemplo claro de como a acessibilidade pode se materializar
em valor reputacional, social e, inescapavelmente, financeiro.

Mensurando o impacto e escalando a transformação

Como medir o impacto da acessibilidade para além dos indicadores técnicos básicos, como
o número de rampas instaladas ou sinalizações acessíveis? A verdadeira mensuração está
na experiência e no feedback das pessoas. É fundamental ir além dos números e buscar
dados qualitativos, como relatos de satisfação, histórias de pertencimento e a melhoria
percebida na qualidade de vida e na interação das pessoas com a empresa ou o evento. São
esses feedbacks que realmente validam e aprimoram as entregas inclusivas.

Para escalar esse impacto, a colaboração é chave. Discutimos no painel a importância das
parcerias estratégicas, que são um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS 17)
da ONU. A união de forças entre empresas, governo, movimentos sociais e universidades é
o caminho para ampliar a pauta da inclusão em larga escala. O Festival Na Praia, nesse
sentido, é um excelente exemplo de colaboração intersetorial, envolvendo diversos atores
para criar uma experiência verdadeiramente inclusiva.

E para aqueles que ainda podem pensar que modelos assim são exclusivos de grandes
eventos ou dependem de patrocínios vultosos, o que precisamos mostrar é que a verdadeira
inclusão não é sobre o tamanho do orçamento, mas sobre uma visão sistêmica, alianças
estratégicas e uma cultura interna que esteja disposta a transformar experiências em
pertencimento real. A acessibilidade é uma mentalidade, uma forma de pensar e operar que
pode e deve ser replicada em qualquer porte de organização.

Onde a liderança ESG acontece

Minha principal mensagem no painel e para vocês hoje é que a sustentabilidade que entrega
resultados reais é aquela que compreende que a inclusão não é um anexo, mas um pilar
essencial
. A acessibilidade impulsiona a inovação, fortalece a marca, abre novos horizontes
de mercado e, mais importante, contribui para uma sociedade mais justa e equitativa.

Ao abraçarmos a acessibilidade com verdade e estratégia, as empresas não apenas
cumprem seu papel social, mas se posicionam como verdadeiras líderes no cenário ESG,
construindo um futuro onde a inclusão é sinônimo de sucesso e sustentabilidade de longo
prazo.

Que esta reflexão inspire a todos nós a ir além do básico, a questionar o que pode ser feito
diferente e a construir organizações onde a acessibilidade seja um valor intrínseco, gerando
impacto real e resultados tangíveis para todos.

Artigo escrito por Mariana Borges, sócia da Move’n Up Inteligência em Gestão Sustentável

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