A Eterna Saga das Férias de Julho: Um Relato de Sobrevivência Materna
Por Julyana Almeida
Julho chegou como uma promessa de diversão e descanso, mas rapidamente se transformou numa maratona de resistência digna dos Jogos Olímpicos da Paciência Materna. No primeiro dia, você ainda tinha esperança, energia e uma geladeira cheia. No décimo dia, você já estava olhando para o calendário como quem consulta um mapa em território inimigo, calculando quantos dias ainda faltavam para a “glória” – também conhecida como volta às aulas.
É impressionante como as crianças conseguem consumir comida numa velocidade que desafia as leis da física: você vai ao supermercado na segunda-feira e na quarta-feira já está raspando o fundo do pote de Nutella enquanto elas perguntam “mãe, não tem mais nada pra comer?” com a mesma cara de inocência de quem não devorou três pacotes de biscoito no café da manhã.
A criatividade para entreter os pequenos sem recorrer às telas também tem prazo de validade mais curto que iogurte esquecido no sol. Começamos julho como verdadeiras Martha Stewart da maternidade: “vamos fazer slime caseiro!”, “que tal pintar pedrinhas do jardim?”, “vamos montar um teatro de fantoches!”. Duas semanas depois, você está sugerindo “que tal vocês contarem quantos azulejos tem no banheiro?” como se fosse a atividade mais fascinante do mundo. A paciência, essa virtude que você jurava ter desenvolvido desde que se tornou mãe, vai se esvaindo como areia entre os dedos a cada “mãe, tô com tédio” pronunciado em intervalos de exatos 7 minutos. Você chega ao ponto de considerar que contar carneirinhos não é só para dormir, mas também para não explodir quando escuta pela 47ª vez no dia: “não tenho nada pra fazer”.
Mas as férias? Ah, essas permanecem firmes e fortes, como um monumento à eternidade, zombando da sua sanidade mental que se despedaça a cada dia. Enquanto tudo ao seu redor se esgota – a comida, a paciência, as ideias, o dinheiro, até mesmo a vontade de viver -, as férias escolares continuam lá, implacáveis, como aquela música chiclete que gruda na cabeça e não sai de jeito nenhum. Você começa a suspeitar que julho tem mais dias que os outros meses, que alguém hackeou o calendário só para te torturar. E quando finalmente avista a luz no fim do túnel – aquela data bendita marcada em vermelho no calendário com a anotação “VOLTA ÀS AULAS” -, você sente uma mistura de alívio e culpa materna que só quem passou por isso entende.
Porque, convenhamos, você ama seus filhos mais que tudo neste mundo, mas também ama sua sanidade mental, e às vezes essas duas coisas entram em conflito direto durante as férias de julho.

*Artigo escrito por Julyana Almeida
Jornalista, mãe de 3 crianças lindas e disposta a compartilhar as loucuras e gostosuras da maternidade.
Instagram: https://www.instagram.com/rabiscosdeumamae