Brasil: Crescimento no Setor de Vinhos e Espumantes em 2025, Entre Ventos Favoráveis e Desafios Persistentes
Por Sueli Maestri
O primeiro semestre de 2025 delineou um panorama multifacetado para o mercado brasileiro de vinhos e espumantes. Os dados mais recentes revelam um vigoroso crescimento nas importações, tanto em volume quanto em valor, sinalizando uma demanda aquecida e um apetite crescente do consumidor por rótulos internacionais. No entanto, essa trajetória ascendente coexiste com a persistente complexidade do cenário econômico nacional, marcada por oscilações cambiais e desafios macroeconômicos que demandam agilidade e planejamento estratégico por parte dos importadores.
Os números preliminares do primeiro semestre de 2025 apontam para um aumento de 4% no volume e 6% no valor das importações de vinhos e espumantes em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse desempenho positivo reflete, em parte, a consolidação da cultura do vinho no Brasil, impulsionada por uma crescente busca por experiências gastronômicas diversificadas e pela valorização de momentos de consumo em lares e estabelecimentos.
Um fator que contribuiu significativamente para esse cenário otimista foi o impacto positivo do inverno nas vendas no varejo. Tradicionalmente, a estação mais fria do ano estimula o consumo de vinhos, especialmente os tintos, e em 2025 esse efeito parece ter sido ainda mais pronunciado. As lojas especializadas, supermercados e plataformas online registraram um aumento na procura, impulsionando o giro de estoques e reforçando a confiança dos importadores.
Contudo, a jornada dos importadores no primeiro semestre não foi isenta de obstáculos. As oscilações do câmbio representaram um desafio constante, erodindo margens e exigindo uma gestão financeira cautelosa. Diante dessa volatilidade, muitas empresas optaram por decisões antecipadas de compra, buscando aproveitar janelas de câmbio mais favoráveis e garantir o abastecimento para os meses seguintes, especialmente visando o segundo semestre, tradicionalmente mais aquecido para o setor com a aproximação das festas de fim de ano.
No que tange à origem dos vinhos importados, o Chile se destacou como um player cada vez mais relevante, consolidando sua posição como um dos principais fornecedores para o mercado brasileiro. A proximidade geográfica, a competitividade de preços e a qualidade consistente dos vinhos chilenos têm conquistado um espaço significativo nas prateleiras e na preferência dos consumidores brasileiros. Outras origens tradicionais também mantiveram sua participação, mas o crescimento notável do Chile merece atenção especial.
Apesar do panorama inicial promissor, o setor de vinhos e espumantes no Brasil permanece atento aos riscos que ainda preocupam para o segundo semestre de 2025. A instabilidade econômica, a inflação persistente e a possibilidade de novas flutuações cambiais podem impactar o poder de compra do consumidor e pressionar os custos operacionais dos importadores. Além disso, a competitividade acirrada e a necessidade de inovação constante para atrair e fidelizar clientes continuam sendo fatores cruciais para o sucesso no mercado.
Em suma, o primeiro semestre de 2025 presenteou o setor de vinhos e espumantes no Brasil com um crescimento animador nas importações, impulsionado pela demanda e pelo efeito positivo do inverno. No entanto, os desafios econômicos inerentes ao cenário nacional exigiram e continuarão a demandar dos importadores uma postura estratégica, com foco em gestão de custos, planejamento de compras e acompanhamento atento das tendências de mercado. O segundo semestre reserva novas oportunidades e, certamente, novos desafios, em um mercado que demonstra resiliência e um constante desejo de brindar.
Entenda a posição do Brasil nos Rankings Globais
- Ranking de Mercados de Vinhos: O Brasil ocupa a 14ª posição no ranking global dos mercados de vinhos mais atraentes, segundo dados da consultoria Wine Intelligence. Essa colocação é significativa, pois representa um salto de 12 posições em relação a anos anteriores, mostrando a evolução do mercado.
- Consumo Per Capita: Quando se analisa o consumo por pessoa, o Brasil ainda se encontra em posições mais baixas. O consumo médio anual no país tem oscilado, ficando em torno de 1,9 a 2,4 litros por habitante, o que o coloca aproximadamente na 19ª a 21ª posição global. Países como Portugal, França e Itália lideram essa categoria, com consumos anuais muito mais elevados.
Vale lembrar que, o Brasil se destaca não por seu volume total de consumo, mas por ser um dos mercados mais promissores e de maior crescimento no mundo do vinho, atraindo o olhar de produtores internacionais e consolidando seu espaço no cenário global.

Sueli Maestri – sommelière, é editora do portal Vinho Capital
Curadora da Vini d’Italia – Salão do Vinho Italiano no Brasil,
promovido pela Embaixada da Italia no Brasil.
Fonte: OIV- Wine Intelligence

