Essência
Se a vida fosse um grande prato de sopa, nossas amizades seriam os temperos: às vezes picantes, às vezes suaves, mas sempre fundamentais para o sabor final. Somos seres humanos completos quando temos alguém com quem rir do passado, chorar no ombro no presente e sonhar junto no futuro. Amizades são o lembrete de que não precisamos ser perfeitos para sermos inteiros; elas aceitam nossas falhas, reparam nossos calçados e nos ajudam a achar o caminho de casa quando a alma parece ter se perdido.
No processo de mesclar o que somos com o que nos tornamos, fica claro que a essência não é uma peça fixa, é uma chama que dança. A gente cresce, aprende, comete tropeços, pune-se, perdoa-se e continua dançando. E essa dança tem passos que vêm da infância: a curiosidade sem medo, o riso bobo, a imaginação sem freio. Quando viramos adultos, trazemos paciência, responsabilidade e uma lista enorme de prioridades — muitas das quais nos distanciam da espontaneidade. Mas aí entra a amizade: é a ponte que mantém o equilíbrio entre o “eu de antes” e o “eu de agora”. Amizades que nos ajudam a não perder quem éramos quando éramos crianças dentro de nós: curiosos, criativos, bondosos.
Como passar isso para nossos filhos? Primeiro, modelo com o próprio exemplo: mostre que a essência não se vende nem se esgota com o tempo. Ensine que rir do erro é melhor que rir do erro do outro, e que pedir desculpa é sinal de força, não de fraqueza. Incentive a brincar, a perguntar “por quê?”, a explorar o mundo com olhos vivos. Ensine a respeitar pessoas diferentes, a manter uma mesma curiosidade que tínhamos quando éramos pequenos, mesmo que as responsabilidades cresçam.
E, por fim, não tenha medo de ser humilde: reconhecer que não sabemos tudo é tão importante quanto ensinar. Sejam pais, filhos, amigos ou apenas curiosos companheiros de jornada, a beleza da nossa humanidade está na capacidade de manter a essência viva, enquanto nos tornamos versões melhores de nós mesmos. E se der para fazer isso com uma risada no rosto, melhor ainda: a alegria é combustível para manter a chama acesa e inspirar os que vêm depois de nós.

*Artigo escrito por Julyana Almeida
Jornalista, mãe de 3 crianças lindas e disposta a compartilhar as loucuras e gostosuras da maternidade.
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