Por que sua empresa deveria ficar em silêncio no Outubro Rosa

Por Mariana Borges

Outubro chegou e, com ele, uma enxurrada de posts cor-de-rosa nas redes sociais corporativas. Laços, frases de apoio e campanhas de conscientização tomam conta do feed empresarial. Mas preciso fazer uma pergunta que pode incomodar: será que sua empresa deveria mesmo estar falando sobre o Outubro Rosa?

A resposta pode ser mais complexa do que você imagina. E talvez o silêncio seja, paradoxalmente, a posição mais honesta que sua organização pode adotar neste momento.

Quando o marketing de causa se torna apenas marketing

Vivemos em uma era onde as empresas são cobradas para se posicionarem sobre questões sociais relevantes. O cuidado com a saúde da mulher é, sem dúvida, uma causa fundamental. Mas existe uma linha tênue entre apoio genuíno e oportunismo comunicacional.

O marketing relacionado a causas sociais só faz sentido quando existe uma conexão real e duradoura entre a empresa e a causa defendida. Não é sobre postar uma foto com filtro rosa em outubro e esquecer o assunto pelos próximos onze meses.

Se sua empresa não possui políticas internas de diversidade e inclusão, se não oferece programas de saúde preventiva para as colaboradoras, se não tem licenças maternidade estendidas ou apoio psicológico para mulheres em tratamento oncológico, qual é exatamente a mensagem que você está transmitindo ao mundo?

O investimento social privado como base para a comunicação

O conceito de investimento social privado nos ensina que as ações sociais empresariais devem ser estratégicas, planejadas e mensuráveis. Não se trata de gestos pontuais ou campanhas sazonais, mas de um compromisso estrutural com determinadas causas.

Quando uma empresa decide apoiar a causa do combate ao câncer de mama, isso deveria refletir em suas políticas internas de recursos humanos, em parcerias com organizações especializadas, em programas de prevenção para funcionárias e suas famílias, e em ações educativas que acontecem durante todo o ano.

A comunicação externa deveria ser apenas a ponta do iceberg de um trabalho muito maior que acontece nos bastidores.

A cultura do cuidado começa dentro de casa

Existe um princípio fundamental no ESG que se aplica perfeitamente aqui: primeiro trabalhamos dentro, depois falamos e fazemos fora. A cultura do cuidado não pode ser um verniz aplicado apenas na comunicação externa.

Se sua empresa quer falar sobre saúde da mulher, ela precisa demonstrar esse cuidado internamente, promovendo um ambiente que realmente valorize e respeite suas colaboradoras.

Quando essas práticas estão consolidadas na cultura organizacional, a comunicação externa se torna uma extensão natural dos valores da empresa, não uma estratégia de marketing desconectada da realidade interna.

A coragem da coerência

Talvez seja hora de repensarmos nossa abordagem. Em vez de seguir a onda das campanhas sazonais, que tal usar este momento para uma reflexão interna honesta? Sua empresa está realmente preparada para falar sobre cuidado com a mulher?

Se a resposta for não, existe uma ótima oportunidade aqui. Use este Outubro Rosa não para postar, mas para planejar. Desenvolva políticas internas, estabeleça parcerias com organizações especializadas, crie programas de prevenção e cuidado que funcionem o ano todo.

Quando essas ações estiverem consolidadas, sua comunicação sobre o tema terá autenticidade e propósito. Até lá, o silêncio pode ser a posição mais ética e responsável.

A verdadeira responsabilidade social empresarial não está em seguir calendários de causas, mas em construir uma cultura organizacional que reflita genuinamente os valores que queremos defender. E isso, definitivamente, não acontece apenas em outubro.

Artigo escrito por Mariana Borges, sócia da Move’n Up inteligência em Gestão Sustentável

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