2025: O Ano em que Sustentabilidade Deixou de Ser Tendência e Virou Sobrevivência
Por Mariana Borges
Estamos chegando ao fim de 2025, e eu te convido a fazer uma pausa. Sim, aquela pausa que a gente raramente faz entre um compromisso e outro, entre uma entrega e a próxima. Uma pausa para olhar para trás e reconhecer: este foi um ano diferente.
2025 não foi o ano em que a sustentabilidade virou moda. Foi o ano em que ela deixou de ser uma escolha confortável e se tornou uma questão de sobrevivência — para empresas, para carreiras, para o planeta. E no meio de toda essa pressão, de todas as regulações que avançaram, de todas as exigências que aumentaram, algo fundamental aconteceu: tivemos que olhar para dentro.
O ano em que o mundo se reuniu na Amazônia
Entre 10 e 21 de novembro, o Brasil sediou a COP 30 em Belém do Pará. Pela primeira vez na história, uma Conferência do Clima aconteceu no coração da Amazônia. E essa escolha não foi simbólica — foi um lembrete concreto de que estamos falando de decisões que impactam vidas reais, ecossistemas reais, comunidades reais.
A COP 30 trouxe avanços importantes: a criação do Pacote de Belém, que acelerou decisões sobre adaptação climática; o Brasil apresentou um plano ambicioso para elevar o financiamento climático global para US$ 1,3 trilhão por ano; mais da metade dos países atualizaram suas metas de redução de emissões.
Mas também trouxe tensões. O debate sobre o abandono de combustíveis fósseis dividiu nações. Cerca de 80 países, incluindo o Brasil, defenderam uma rota clara para essa transição. Outros resistiram fortemente. No final, ficou evidente: não há mais espaço para meias palavras. O tempo das promessas sem ação está terminando.
E o que isso tem a ver com você, que talvez nem tenha acompanhado as negociações de Belém? Tudo. Porque cada decisão tomada lá reverbera nas empresas, nos seus fornecedores, nas suas escolhas profissionais, no mercado onde você atua.
O ano em que greenwashing virou crime
2025 também foi o ano em que reguladores começaram a processar empresas por comunicação enganosa sobre práticas sustentáveis. O greenwashing, que antes era apenas mal visto, agora pode custar caro — literalmente.
Empresas que divulgavam metas climáticas sem planos reais, que falavam de diversidade sem mudar a composição de suas lideranças, que anunciavam sustentabilidade sem dados concretos, começaram a ser responsabilizadas. E isso mudou a forma como organizações comunicam suas práticas.
Mas mais do que isso: mudou a forma como profissionais escolhem onde trabalhar. Porque as pessoas não querem mais apenas um emprego — elas querem trabalhar em lugares que realmente vivem aquilo que dizem acreditar.
O ano em que inteligência artificial entrou no jogo
Uma das transformações mais significativas de 2025 foi a aplicação de inteligência artificial ao ESG. Ferramentas que analisam cadeias de fornecimento em tempo real, que identificam riscos socioambientais antes que eles virem crises, que medem impacto de forma precisa.
Isso democratizou o acesso. Pequenas e médias empresas, que antes achavam impossível fazer análises complexas de ESG, agora têm tecnologia acessível. E isso tira qualquer desculpa de “não tenho recursos para isso”.
Mas a tecnologia, sozinha, não resolve nada. Ela é uma ferramenta. O que faz diferença é a intenção de quem usa — e isso somos nós, pessoas reais, tomando decisões reais.
O ano em que tivemos que olhar para dentro
Sabe o que mais me marcou em 2025? Foi perceber que toda essa pressão externa — regulações, consumidores exigentes, investidores cobrando transparência — forçou empresas e profissionais a fazer algo que muitos vinham evitando: olhar para dentro com honestidade.
Quantas organizações precisaram admitir que suas políticas de diversidade eram apenas papelada? Quantas tiveram que reconhecer que não conheciam sua própria cadeia de fornecimento? Quantos profissionais perceberam que estavam em empresas cujos valores não se alinhavam aos seus?
Esse movimento de introspecção não foi confortável. Mas foi necessário. Porque não dá mais para fingir. Não dá mais para colocar uma camada de verniz verde sobre práticas ultrapassadas e esperar que ninguém perceba.
O que levamos de 2025
Se tem algo que este ano nos ensinou é que sustentabilidade não é sobre ser perfeito. É sobre ser honesto. É sobre reconhecer onde você está, ter clareza sobre onde quer chegar e caminhar nessa direção com transparência.
2025 foi o ano em que empresas perceberam que o greenwashing não é mais tolerado. Mas também foi o ano em que muitas descobriram que autenticidade gera confiança — e confiança gera negócio.
Foi o ano em que profissionais começaram a questionar se seu trabalho está alinhado com seus valores. E muitos fizeram escolhas difíceis, mas necessárias, para construir carreiras mais sustentáveis — no sentido literal e emocional da palavra.
Foi o ano em que o Brasil protagonizou uma das conferências climáticas mais importantes da história, mostrando que temos muito a contribuir para essa agenda global.
E agora?
Enquanto você aproveita este final de ano — e espero que aproveite, porque todos precisamos de pausa para renovar —, te convido a fazer algumas perguntas:
O que 2025 te ensinou sobre o tipo de trabalho que você quer fazer? Sobre o tipo de empresa onde você quer estar? Sobre o impacto que você quer gerar?
Porque 2026 está chegando. E ele promete ser ainda mais intenso. Mas se tem algo que podemos levar deste ano é a certeza de que transformação real começa quando paramos de fingir e começamos a agir com verdade.
Feliz Natal. Que este seja um tempo de descanso, mas também de reflexão. Porque o futuro que queremos não vai se construir sozinho — ele depende das escolhas que fazemos, todos os dias, nas nossas vidas e nos nossos trabalhos.

Artigo escrito por Mariana Borges, fundadora da Move’n Up inteligência em Gestão Sustentável
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