Após repercussão negativa, Museu da República tira de exposição ‘pijamão’ inflável de Getúlio Vargas

Nas redes sociais, a peça gerou repercussão entre os internautas por retratar o traje usado pelo ex-presidente do Brasil no momento de sua morte

Após polêmica, o Museu da República, no Catete, Zona Sul do Rio, anunciou que retirou de exposição o “pijamão” inflável que retrata o traje usado pelo ex-presidente Getúlio Vargas no momento de sua morte. Em nota enviada na noite desta sexta-feira (22), a direção da instituição justifica a medida dizendo que, além de ter gerado “ruídos e informações desencontradas”, a peça tem “limitações técnicas referentes à ventilação e à sustentação da peça”.

Inicialmente, a peça iria ficar em exposição até o próximo domingo, data que marca os 71 anos do suicídio de Getúlio Vargas no Palácio do Catete, ocorrido em 24 de agosto de 1954. A obra tem 4 metros de altura, braços gigantes voltados para cima, listras verticais nas cores vermelho, dourado e branco, botões, monograma “GV”, uma marca de tiro e também um pouco de sangue na altura do peito, e gerou polêmica, dividindo opiniões nas redes sociais.

De autoria de Clarissa Diniz, a peça chamou a atenção, principalmente, por retratar o pijama usado pelo ex-presidente do Brasil no momento de sua morte nos mínimos detalhes, estampando a marca do tiro e a mancha de sangue encontradas na veste original.

Em um post no X (ex-Twitter), uma internauta fez o seguinte comentário: “e esse pijamão de Getúlio que tá no museu da república, bom dia rio de janeiro”. A postagem repercutiu e gerou uma chuva de mensagens.

A peça, por outro lado, também despertou a curiosidade de algumas pessoas. Em alguns comentários, internautas marcaram amigos, dizendo que precisavam ir até o museu para ver a obra de perto. De forma geral, a exposição do inflável repercutiu negativamente nas redes, ao mesmo tempo, em que gerou interesse sobre a obra da autora.

Diante da repercussão, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) entrou em contato com a diretoria do Museu da República na quinta-feira (21), pedindo esclarecimento acerca da exposição do “pijamão” inflável de Getúlio Vargas no pátio do palácio, que é tombado.

Segundo a Portaria Iphan nº 420/2010, a instalação de estruturas provisórias em bens tombados em nível federal depende de autorização prévia do Iphan. O museu informou que se tratava somente de um teste e formalizou uma solicitação para a instalação da estrutura provisória, até que desistiu da proposta nesta sexta.

Criação da obra

O pijama inflável foi produzido no âmbito de um edital da prefeitura, em 2005, denominado Intervenções urbanas, no qual foi selecionado.

Doado para o MR em 2012, em um acordo da artista com os servidores da Cultura, o inflável foi usado em um protesto pela implementação do Plano de Carreira do Ministério da Cultura e vinculadas, realizado no dia 24 de agosto do mesmo ano. No ato, que ficou conhecido como PIJAMAÇO, todos os servidores vestiram pijamas também. Depois disso, a peça entrou para o acervo do museu.

Pijama original e a máscara mortuária de Getúlio

Como o procurado “Quarto de Getúlio”, localizado no 3⁠º andar do Palácio do Catete, não poderá ser visitado neste ano, por conta da reforma que acontece no espaço desde fevereiro, o museu vai expor, no térreo, o pijama usado pelo presidente no momento de sua morte e a sua máscara mortuária.

A partir desta sexta, os objetos já devem estar em uma nova sala no térreo e ficarão direto, em exposição de longa duração.

Uma peça que chama a atenção e traz lembranças

Para o museólogo André Angulo, de 51 anos, chefe do Núcleo de Museologia do Museu da República, a exposição do pijama inflável é uma forma de suavizar a lembrança de uma data que envolve o suicídio de uma pessoa icônica da história do Brasil.

— O inflável também nos permite chamar a atenção para outras questões candentes e uma delas é o próprio suicídio de Getúlio, em uma trajetória de golpe militar de agosto de 1954, que se inicia com o atentado ao jornalista Carlos Lacerda e a morte do Major da Aeronáutica Rubens Vaz — diz André.

A ideia de expor o “pijamão” foi da Comissão de Exposições, em acordo com vários técnicos servidores do MR.

*Com informações de Extra

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