Belém: a COP das Pessoas
Por Mariana Borges
O ar em Belém do Pará está carregado de um sentido de urgência e, paradoxalmente, de profunda esperança. Aqui, onde a Amazônia se encontra com o urbano, líderes e empresas do Movimento B se reúnem neste que tem sido carinhosamente chamado de “pré-COP 30”. Mais do que um encontro, é um laboratório de ideias e um ponto de partida para algumas discussões que serão levadas à Cúpula do Clima em novembro.
E a palavra que ouvimos nos corredores, nos painéis e nas conversas informais é uma só: cuidado. Mas não um cuidado passivo, e sim uma bússola para a ação. O mantra tem sido claro e direto: cuidado consigo mesmo, mas principalmente cuidado com o outro e com o planeta. Para as empresas do Movimento B, que por sua própria natureza buscam redefinir o sucesso nos negócios para incluir impacto positivo em pessoas e no planeta, essa é a essência de sua atuação. Não se trata de uma estratégia de marketing, mas de um compromisso intrínseco que guia modelos de negócio, inovações e relações.
Neste contexto amazônico, ouvi também uma verdade sobre a necessidade de uma abordagem mais humana e menos técnica às crises que enfrentamos: “A COP 30 não deve ser da floresta, mas sim a COP das pessoas. Assim a gente trata a raiz do futuro.” Não que a floresta não seja vital – muito pelo contrário. Mas a floresta, o clima, os rios, a biodiversidade… eles são intrinsecamente ligados à vida das comunidades, aos seus saberes ancestrais, às suas necessidades e ao seu futuro. A crise climática é, em sua essência, uma crise humana de relação com o ambiente. Focar nas pessoas é reconhecer
que elas são agentes de transformação e que suas realidades devem estar no centro das soluções.
Para que esse cuidado genuíno e essa COP das pessoas realmente aconteça, precisamos: resignificar.
● Resignificar o propósito organizacional: Indo além do lucro, para um impacto regenerativo de base.
● Resignificar a maneira de consumir e de produzir: Buscando modelos que regenerem, e não apenas minimizem danos.
● Resignificar modelos de negócio: Repensando a criação de valor e a distribuição de benefícios.
● Resignificar cadeias de suprimento: Garantindo equidade, transparência e responsabilidade socioambiental.
● Resignificar estilos de liderança: Promovendo empatia, colaboração e uma visão de longo prazo.
● Resignificar a governança e as estruturas: Adaptando-as para responder aos desafios complexos do nosso tempo.
● Resignificar os padrões de comunicação: Promovendo diálogo autêntico e inspirando ação.
● E, acima de tudo, Resignificar o CUIDADO em si – elevando-o de uma simples atitude para um princípio norteador de toda e qualquer ação, seja ela individual, empresarial ou global.
“Resignificar” não é apenas mudar ou adaptar; é dar um novo sentido, uma nova profundidade, uma nova urgência a conceitos que talvez tenhamos banalizado ou abordado superficialmente. É reconhecer que o sistema atual nos levou a um limite e que precisamos de uma redefinição radical para avançar de forma sustentável e justa.
O que acontece em Belém nestes dias, é mais do que uma série de discussões técnicas. É um apelo por uma transformação baseada no cuidado — um cuidado que começa em cada um, se expande para o outro e culmina no zelo pelo nosso único lar, o planeta. As sementes plantadas aqui, à beira do Rio Guamá, têm o potencial de florescer em políticas e práticas que não apenas freiem a degradação, mas construam um futuro verdadeiramente regenerativo e justo, onde a cabeça pensa melhor porque os pés estão firmemente conectados à raiz da vida.
Que o espírito de Belém, com sua sabedoria local e seu olhar para a raiz do futuro, ilumine o caminho até a COP 30 e além. O cuidado é, de fato, a nossa maior revolução.

Artigo escrito por Mariana Borges, sócia da Move’n Up inteligência em Gestão Sustentável
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