Caixa de Mensagens
O tempo decorrido entre a identificação da Poliomielite como entidade clínica, por Jakob Heine, em 1840, e o isolamento do agente causador, o Poliovírus, pelo austro-americano Karl Landsteiner, foi de 68 anos. A informação nos remete à percepção de que, mesmo naquilo que já foi considerado “ciência de ponta”, o delay era gigantesco.
Nos estertores do século passado, 1999, me encantei com minha esposa ao trocarmos mensagens, no site Terra, em uma “sala de bate-papo”. Inimaginável para os internautas atuais, que o considerariam “jurássico”. Não se trata de um período assim tão longo. Menos de trinta anos. Nesse meio tempo, inúmeras tecnologias surgiram e desapareceram; softwares e linguagens de computador foram criados e ficaram obsoletos, hardwares de alta tecnologia desapareceram no turbilhão de equipamentos lançados quase diariamente.
Uma corrente científica projeta o fim de todas as doenças em menos de dez anos. Isso nos faria viver muito mais, em melhores condições.
Diversas máquinas já estão fazendo o trabalho de milhares de pessoas, com mais precisão e velocidade. Até mesmo atividades que envolvem raciocínio começam a utilizar a capacidade de programas e máquinas em que se aplica a Inteligência Artificial.
Tratando desse tema, sou remetido aos primeiros meses de 1990, quando fui coordenador de treinamento, pela empresa DDP, para apresentar aos funcionários do extinto Banco Real, a grande novidade que foi o Realmatic: um dispenser de dinheiro acionado por cartão magnético e senha pessoal. Algumas vezes dissemos àqueles treinandos que máquinas substituiriam várias de suas funções em breve. E eles se riam, questionando: “Quero ver uma máquina conferir assinatura num cheque.” (Elas fazem isso, mas o cheque está em acelerada extinção). “Quero ver uma máquina diferenciando os valores de notas ou verificando se não são falsas.” (Tecnologias assim já estão disponíveis, porém, cada vez menos, se usam notas de dinheiro). Há mais de seis meses não entro em uma agência bancária. Alguns amigos reportam que não o fazem há mais de dois anos.
Tudo isso não é o trabalho de um indivíduo. São equipes focadas, altamente qualificadas, com suporte de outras tantas tecnologias. E é totalmente impossível a qualquer pessoa acompanhar o ritmo alucinante das inovações. Se serve de consolo, nem mesmo os especialistas, ainda que saibam muito, conseguem dominar todas as áreas, nem tudo de seu campo de atuação.
Estamos sendo atropelados por contínuas novidades e, em grande monta, tendo
nossas habilidades superadas por engenhocas de bits e bytes, a cada segundo
Talvez devamos nos render ao apelo de Gilberto Gil em Lunik9 (1967): “Poetas,
seresteiros, namorados correi: é chegada a hora de escrever e cantar, talvez as
derradeiras noites de luar”. Não só porque a lua – quem sabe? – já não tenha
muito apelo romântico, esmagado pelas telas de computador; talvez porque o
ChatGPT já produz textos belíssimos, sem erros
Me impacta a dificuldade de verificar com mais frequência o meu e-mail. Ontem, ao abrir uma mensagem enviada há mais de quinze dias que diz: “O futuro já começou”, percebo que já estou bastante atrasado

Mário Sérgio Rodrigues Ananias é Escritor, Palestrante, Gestor Público e ativista da causa PcD. Autor do livro Sobre Viver com Pólio.
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