COP da Implementação: Chegou a horade sair do discurso

Por Mariana Borges

Enquanto a COP 30 acontece em Belém, ela está sendo chamada de “COP daImplementação” – e esse apelido não é à toa. Depois de décadas de conferência climáticas, de acordos assinados, de metas anunciadas e de promessas feitas,chegou a hora de mostrar resultados concretos. Chegou a hora de sair do discurso e entrar na ação. E isso tem tudo a ver com você, sua empresa e o futuro dotrabalho.

Décadas de promessas, pouco resultado

Vamos contextualizar. Desde a primeira COP, em 1995, o mundo vem discutindo como enfrentar as mudanças climáticas. Tivemos marcos importantes: o Protocolo de Kyoto em 1997, o Acordo de Paris em 2015, compromissos de neutralidade de carbono assumidos por dezenas de países. Mas a verdade inconveniente é que asemissões globais continuam subindo, a temperatura do planeta continua
aumentando e os impactos climáticos estão cada vez mais severos.

Por isso, a COP 30 traz uma expectativa diferente. Não se trata mais de definir o que precisa ser feito – isso já está claro. Trata-se de cobrar como, quando e por quem essas ações serão implementadas. De exigir transparência, prestação de contas, mecanismos de monitoramento e consequências para quem não cumprir o que promete. E o que está acontecendo em Belém agora vai determinar a velocidade dessa cobrança nos próximos anos.

A cobrança não é só para governos

E aqui está o ponto que mais me interessa: a cobrança por implementação não vai ficar restrita a governos. Empresas, organizações, setores inteiros estão sob escrutínio. Os acordos que estão sendo fechados em Belém vão se desdobrar em regulamentações, políticas públicas, exigências de mercado. Investidores querem ver planos de transição detalhados. Consumidores querem provas de que as
práticas sustentáveis anunciadas são reais. Reguladores estão criando mecanismos para punir greenwashing. A era do discurso bonito sem ação concreta está com os dias contados.

Para profissionais de todas as áreas, isso significa uma mudança de paradigma quenão pode mais ser adiada. Não basta mais sua empresa ter uma página no site falando de sustentabilidade ou publicar um relatório anual cheio de fotos de árvores.É preciso demonstrar, com dados, com metas claras, com indicadores mensuráveis,o que está sendo feito de fato. E isso exige competências novas – urgentemente

Novas competências, novo mercado de trabalho

Vamos aos exemplos práticos. Se você trabalha em gestão de projetos, vai precisar incorporar critérios de impacto climático no planejamento e na execução. Se atua em comunicação, vai precisar aprender a reportar ações de sustentabilidade deforma transparente e verificável, evitando cair na armadilha do greenwashing. Se está no setor de operações, vai precisar implementar mudanças reais nos processos produtivos, na gestão de resíduos, no uso de energia. Se trabalha com dados, vai precisar medir, monitorar e reportar emissões, consumo de recursos,impactos socioambientais.

A COP da Implementação também está reafirmando uma mensagem importante sobre responsabilidade compartilhada. Não dá mais para esperar que só os governos resolvam. Não dá para empurrar a responsabilidade só para o setor privado. Cada ator – público, privado, terceiro setor, e sim, cada profissional – tem um papel a desempenhar. E a cobrança vai ser proporcional ao tamanho da responsabilidade.

O tempo do planejamento indefinido acabou

Aqui está a diferença: antes da COP 30, ainda havia espaço para planejamentoextenso, para “pilotos”, para abordagens graduais. Agora não. Os compromissosestão sendo feitos em Belém. Os mecanismos de monitoramento estão sendoestabelecidos. As metas estão sendo reafirmadas. O que falta é ação – e a açãoprecisa começar já. Empresas que ainda estão na fase de “estudar”, de “estruturarprojetos”, de “consultar especialistas” vão ficar para trás. Quem sair na frente comimplementação concreta vai ganhar vantagem competitiva, acesso a financiamento,confiança de investidores e consumidores.

Oportunidades nascem da implementação

Mas aqui está a boa notícia: implementação gera oportunidades. Empresas que transformarem compromissos em ações concretas vão prosperar. Profissionais que souberem como implementar práticas sustentáveis de forma eficaz vão se tornar indispensáveis. Setores que se adaptarem rapidamente vão dominar os mercados da nova economia.

E tem outro aspecto que não pode ser ignorado: implementação exige inovação.Não basta fazer mais do mesmo com um verniz verde. É preciso repensar modelos de negócio, processos, produtos, serviços. É preciso investir em tecnologia, em capacitação, em parcerias. E isso abre espaço para criatividade, para empreendedorismo, para soluções que ainda nem imaginamos. Os próximos anosvão ser de ouro para quem conseguir entregar resultados sustentáveis reais.

O que a COP da Implementação significa para você agora

Significa que não há mais tempo para preparação indefinida – chegou a hora de agir. Significa que as competências em ESG deixaram de ser diferenciais e se tornaram absolutamente essenciais. Significa que empresas vão precisar urgentemente de profissionais que saibam transformar estratégia em ação, que entendam de métricas de impacto, que consigam engajar equipes em torno de metas climáticas, que tenham visão sistêmica para identificar onde e como implementar mudanças.

E significa também que não há mais espaço para amadorismo. Implementar aagenda climática exige conhecimento técnico, planejamento estratégico, gestão de mudanças, capacidade de articulação. Exige entender de regulamentações, de padrões internacionais, de boas práticas setoriais. Exige, acima de tudo,comprometimento genuíno e resultados demonstráveis.

Os próximos meses vão definir tudo

Nos próximos meses, ficará cada vez mais claro quem está realmente comprometido com a transição sustentável e quem só faz discurso. A cobrança por resultados vai se acelerar. E o mercado vai separar os líderes dos retardatários.Implementação não é opcional – é condição de sobrevivência no mundo dos negócios.

A pergunta que fica é: você e sua empresa estão preparados para implementar agora? Vocês têm as competências, os processos, as ferramentas necessárias para transformar compromissos em ações? Ou ainda estão presos na fase do planejamento e das boas intenções?

A COP da Implementação é um chamado à ação que não pode mais ser ignorado.E a ação começa agora, no seu dia a dia de trabalho, nas decisões que você toma,nas práticas que você adota, no exemplo que você dá. Porque no fim das contas, a transformação que o planeta precisa não vai acontecer em conferências internacionais. Vai acontecer em cada empresa, em cada projeto, em cada escolha profissional que fazemos – a partir de hoje.

Artigo escrito por Mariana Borges, fundadora da Move’n Up inteligência em GestãoSustentável

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