Microbiologista explica por que não é uma boa ideia usar o mesmo par de meias mais de uma vez
Usar roupas repetidas vezes, como jeans ou suéteres, é algo comum, mas quando se trata de meias, a situação é diferente. Segundo a microbiologista Primrose Freestone, nossos pés abrigam uma enorme diversidade de bactérias e fungos, e esse “microbioma” transforma meias usadas em ambientes ricos para a proliferação de microrganismos.
A pele dos pés contém muitas glândulas sudoríparas, criando áreas quentes e úmidas, ideais para micróbios que se alimentam de suor e células mortas. Os resíduos desses microrganismos produzem odores característicos que associamos a pés, meias e sapatos fedidos.
Micróbios comuns nas meias e o cheiro que eles produzem
Diferentes espécies de bactérias produzem compostos com cheiros distintos: por exemplo, Staphylococcal hominis pode gerar um odor semelhante ao de cebola podre, enquanto Staphylococcus epidermis pode cheirar a queijo. Esses micróbios podem permanecer no tecido das meias por meses, especialmente em algodão, onde algumas espécies sobrevivem por até 90 dias.
Além de micróbios naturais da pele, meias também podem abrigar micróbios vindos do ambiente, como solo, pisos domésticos ou de academias, aumentando ainda mais a diversidade microbiana que se acumula com o uso repetido.
Riscos à saúde associados ao uso repetido
Estudos mostram que meias usadas uma única vez podem conter entre 8 e 9 milhões de bactérias por amostra, muito mais do que outras roupas, como camisetas. Algumas dessas espécies incluem potenciais patógenos como Aspergillus, Candida e Cryptococcus, que podem causar infecções respiratórias ou intestinais.
Os micróbios presentes nas meias também podem se transferir para sapatos, camas, sofás e pisos, e podem facilitar a propagação de infecções como o “pé de atleta”. Por isso, é especialmente importante que pessoas com infecções fúngicas não compartilhem meias ou sapatos e evitem andar apenas com meias em vestiários ou banheiros públicos.
Dicas para manter a higiene dos pés e das meias
Para reduzir odores e diminuir a presença de bactérias, recomenda-se evitar meias ou sapatos que façam os pés suarem excessivamente e lavar os pés duas vezes ao dia. O uso de antitranspirantes específicos para os pés também pode ajudar a controlar a umidade e reduzir o crescimento bacteriano.
Meias antimicrobianas, feitas com fibras que contêm prata ou zinco, ou meias de fibras como bambu, que permitem maior circulação de ar, podem reduzir a necessidade de uso único. No entanto, para meias convencionais de algodão, lã ou fibras sintéticas, a recomendação da especialista é usá-las apenas uma vez antes da lavagem.
Para garantir uma limpeza eficaz, lave as meias em água morna (30–40 °C) com detergente neutro. Para higienização completa, um detergente com enzimas e lavagem a 60 °C ajuda a remover a maioria dos micróbios. Quando a lavagem quente não é possível, passar as meias com um ferro quente ou secá-las ao sol pode reduzir ainda mais a carga bacteriana.
Conclusão: o uso único é a melhor prática
Embora muitas peças de roupa possam ser usadas mais de uma vez, as meias sequestram suor e micróbios de forma particularmente eficiente, tornando reutilizá-las um convite ao crescimento bacteriano. Do ponto de vista microbiológico, trocar as meias diariamente é a melhor forma de manter os pés limpos, reduzir odores e evitar potenciais infecções.
*Com informações de Fatos Desconhecidos