O Legado de Kongjian Yu: Quando a natureza molda acidade, o ESG encontra a solução
Por Mariana Borges
Às vezes, a vida nos surpreende com partidas inesperadas que nos fazem parar e refletir sobre o impacto das pessoas em nosso mundo. Foi com tristeza que recebi a notícia da morte do arquiteto e paisagista chinês Kongjian Yu, vítima de um acidente de avião no Pantanal. Uma perda imensa para o urbanismo, para a sustentabilidade e para todos nós que acreditamos em um futuro mais verde e resiliente.
Kongjian Yu não era apenas um nome; ele era uma força da natureza, um visionário que se formou em Harvard e, revolucionou a forma como pensamos nossas cidades. Com centenas de intervenções bem-sucedidas no Sudeste Asiático, ele nos apresentou um conceito que é hoje uma das grandes esperanças para o futuro urbano: as “Cidades-Esponja”.
Cidades-Esponja: A inteligência da natureza a nosso favor
Pense em nossas cidades. Elas foram, em grande parte, desenhadas para afastar a água. Tudo pavimentado, impermeável. Quando chove forte, para onde vai essa água? Para as ruas, causando enchentes, transbordando rios e deixando um rastro de destruição. Yu olhou para esse problema com outros olhos. Ele questionou: e se, em vez de lutar contra a água, nós a abraçássemos? E se, em vez de concreto, usássemos a própria natureza?
Essa é a essência das Cidades-Esponja. Elas são projetadas para absorver e reutilizar naturalmente a água da chuva. Kongjian Yu trocava o concreto por soluções baseadas na natureza, criando o que ele chamava de estruturas verdes e azuis. Isso significa integrar a água e a vegetação de forma inteligente no planejamento urbano.
Seus projetos são a prova viva de que isso funciona. Riachos e rios que antes eram valas de esgoto a céu aberto foram restaurados, voltando a ser vida. Áreas urbanas degradadas se transformaram em parques vibrantes, que não só embelezam, mas também cumprem funções vitais como controle de enchentes, purificação do ar e aumento da biodiversidade.
O Link com o ESG: Mais do que conceito, é ação!
Para nós, que mergulhamos no universo ESG, a visão de Kongjian Yu é um manual de boas práticas. Sua abordagem das Cidades-Esponja não é apenas sobre paisagismo; é sobre resiliência ambiental, valor social e boa governança em ação.
● Pilar Ambiental (E): Suas cidades-esponja são a personificação da adaptação às mudanças climáticas. Elas reduzem o risco de enchentes, recarregam os lençóis freáticos, purificam a água e o ar, aumentam a biodiversidade. É a natureza trabalhando a nosso favor, mitigando os impactos das alterações climáticas de forma eficiente e harmoniosa.
● Pilar Social (S): Transformar um rio poluído em um parque natural, ou uma área cinzenta em um espaço verde, tem um impacto social imenso. Melhora a qualidade de vida das comunidades, cria espaços de lazer e bem-estar, promove a saúde pública e até fortalece laços sociais. É a construção de cidades mais humanas e equitativas.
● Pilar de Governança (G): Desenvolver e implementar projetos dessa magnitude exige uma governança inovadora e colaborativa. Envolve planejamento de longo prazo, investimento em soluções sustentáveis e uma visão de futuro que vai além do ciclo de um mandato. É a prova de que uma gestão transparente e orientada para o impacto positivo pode transformar a realidade.
Um legado que nos inspira
É ainda mais tocante saber que Kongjian Yu estava aqui no Brasil, discutindo como suas ideias poderiam ajudar a minimizar as enchentes em nossas cidades – um problema tão presente em tantas capitais. Ele voava para o Pantanal, uma das nossas jóias naturais para gravar um documentário quando a tragédia aconteceu.
Ele ainda tinha tanto a nos ensinar, tanto a contribuir. Mas seu legado é imenso, uma prova concreta de que integrar a natureza à infraestrutura urbana é uma estratégia inteligente, necessária e, acima de tudo, possível.
Que a concepção de “Cidade-Esponja” e sua visão de regenerar nossas cidades através da água e do verde continuem a nos inspirar. Que honremos seu trabalho aplicando suas idéias em nossas estratégias ESG, buscando um futuro onde nossas cidades não apenas coexistam com a natureza, mas a celebrem como parte intrínseca de sua essência.
Kongjian Yu nos deixou, mas sua visão nos mostra o caminho. Vamos juntos construir esse futuro.

Artigo escrito por Mariana Borges, sócia da Move’n Up inteligência em Gestão Sustentável
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