Sem pressa

Há estudos que demonstram retração no número de pessoas que permanecem fiéis a algum tipo de religião ou credo. E isso não se restringe ao cristianismo. Ainda que haja grande eloquência de alguns líderes ao expressar seus preceitos, até mesmo as sociedades menos laicas experimentam essa
dispersão. A expectativa frustrada de que algumas súplicas parecem não merecer a atenção divina tem causado descrença, especialmente quando, aparentemente, quase todas as demandas são passíveis de ser supridas pelo conhecimento secular ou profano. No seu íntimo, todavia, quem não espera por um milagre que mude o curso de sua vida? Que faça feliz a alguém que se ame?

Também eu, como muitas outras crianças em todas as regiões do globo, fui agraciado com essa benesse da fé ante um grande infortúnio. No meu caso, o legado de um microrganismo, o “Poliovírus”, que destruiu parte das conexões neurais que controlam o desenvolvimento muscular dos membros inferiores. Segundo os especialistas, à época, a medicina nada poderia fazer por mim. Outras tantas pessoas, suplicaram por soluções inimagináveis para problemas ou danos, hoje considerados “naturais”.

Então, como avaliar uma recuperação, ainda que parcial, com tantas “coincidências” a demonstrar que houve uma convergência de fatores, de difícil explicação? A data e horário indicados pelo padre; a forma como ocorreria a recuperação; e tantos outros “acasos”?

Segundo o grande Willian Shakespeare, em sua célebre peça teatral Hamlet: “há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia”. Do texto se depreende a imensidão de fenômenos inexplicáveis, aos quais se atribui o poder da fé induzindo a materialização de milagres.

Acredito que algumas pessoas são capazes de promover alterações no curso normal das coisas através de sua atitude de crença inabalável, mesmo quando não há provas científicas do fato. Como afirmou o cientista-químico AntoineLaurent de Lavoisier: ”Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. E isso, talvez, se aplique também naquilo que chamamos alma.

Dessa forma, uma força produzida pela instigação da fé seria capaz de produzir fenômenos a que chamamos “milagres”.

Os ensinamentos de Jesus Cristo ajudaram na evolução humana, conquanto tenha demonstrado a necessidade do respeito; da valorização da mulher; da dignidade do trabalho; de honrar os pais e a palavra dada; da busca incessante por uma vida com qualidade.

No Natal, além da simples comemoração em mais um feriado, talvez devêssemos pensar na mensagem que a data encerra e o no que, de verdade, se comemora nesse dia.

Que seja, para todos e cada um, um dia de bênçãos, a nos conscientizar que a vida tem um valor imensurável e, portanto, merece atenção e cuidado. Que aprendamos a fazer o outro feliz, porque é assim que se obtém a graça de refletir em nós o bem desejamos ou que proporcionamos aos outros. Por isso, quero distribuir meu sorriso, minha alegria e minha paz entre as pessoas que fazem da vida um milagre diário; as que tornam cada minuto de vida uma dádiva a ser fruída com amor.

Mário Sérgio Rodrigues Ananias é Escritor, Palestrante, Gestor Público e ativista da causa PcD. Autor do livro Sobre Viver com Pólio.

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