Torre Palace: carcaça de hotel de luxo no centro de Brasília será demolida e substituída por novo prédio

Hotel com vista para o Eixo Monumental fechou as portas em 2013 e virou ponto de drogas e ocupação irregular. Governo chegou a travar briga na Justiça para demolir o que sobrou do prédio, sem sucesso.

Após 12 anos de portas fechadas e um longo imbróglio judicial, o Torre Palace finalmente tem um novo destino: o hotel deve ser demolido até o final do ano e dar lugar a um novo empreendimento.

Fechado desde 2013, o espaço foi adquirido por um grupo econômico do ramo hoteleiro.

Os novos donos ainda não vieram a público falar sobre os planos para o espaço. Nesta quinta, a TV Globo conversou com um conselheiro do grupo, que antecipou detalhes do projeto.

“A proposta do grupo é fazer um hotel de luxo, com aproximadamente 250 apartamentos […] é um produto para se trazer um restaurante Michelin para cá, um spa internacional. E com isso contribuir para o turismo de Brasília“, informou Marcos Cumagai.

“Sonho antigo”

Considerado o primeiro hotel de luxo da história de Brasília, o Torre Palace já foi ostentação, mas virou sinônimo de briga de família, disputas judiciais e problema para o governo.

Apesar do cenário de pouco prestígio que o espaço ganhou nos últimos anos, Cumagai conta que o ponto sempre esteve no radar dos novos donos devido ao ponto estratégico e privilegiado.

“Este é um sonho antigo do grupo, mas todas as tentativas anteriores [de aquisição] esbarramos em questões jurídicas, débitos, dívidas, imbróglios… e que isso foi criando uma situação de dificil solução. Todavia, no último um ano e meio, nts ivemos uma abordagem mais assertiva”, conta o conselheiro.

Segundo o porta-voz do novo grupo detentor do empreendimento, foi necessário um ano e meio de negociação com os herdeiros do Torre Palace até chegar a uma proposta de aquisição — esta que envolveu ainda a quitação e pagamento de todas as dívidas do antigo hotel.

Demolição ainda este ano

Com o fim do imbróglio judicial e jurídico, os novos donos agora esperam o aval junto às autoridades competentes para realização a demolição do que sobrou o Torre Palace.

Com apoio do governo do Distrito Federal, a expectativa é de que a implosão aconteça em menos de dois meses. Ou seja, ainda este ano.

Para o processo, é preciso um aval da Secretaria de Segurança Pública e do Exército Brasileiro – em razão do uso dos explosivos.

“Há toda uma articulação por parte do GDF, toda uma ligação nossa para todas as autoridades do exército para que a gente faça o mais rápido possível. A gente está colocando prazo de um mês e meio, no máximo [para aquisição da autorização de demolição]”, afirmou a vice-governadora do DF, Celina Leão.

Do luxo ao esquecimento — relembre o impasse acerca do Torre Palace

O Torre Palace funcionou por 40 anos e caiu no ostracismo depois da morte do empresário libanês e fundador do Torre Palace, Jibran El-Hadj, nos anos 2000.

Com a morte do patriarca, a esposa e os seis filhos herdaram o patrimônio, avaliado à época em R$ 200 milhões. No entanto, a família entrou em desacordo sobre os rumos que deveriam ser tomados para o estabelecimento.

Em 2007, três filhos do empresário saíram da sociedade e entraram na Justiça pedindo parte da herança, com valor estimado de R$ 51 milhões. O valor sairia da venda do Torre Palace para uma construtora.

A empresa adiantou R$ 17 milhões para os herdeiros que mantiveram a sociedade. Contudo, antes da venda do prédio, a Justiça já havia penhorado o local.

Em 2013, o hotel fechou as portas. Dois anos depois, e em completo abandono, o prédio virou ponto para uso de drogas e convivência de moradores de rua.

Cama em quarto de hotel abandonado em Brasília — Foto: Vianey Bentes/TV Globo

Cama em quarto de hotel abandonado em Brasília — Foto: Vianey Bentes/TV Globo

Os vidros das janelas e do hall de entrada foram quebrados em atos de vandalismo, e foram feitas pichações e danos à pintura na fachada do edifício.

Em 2016, após a crise que se hospedou no local, o GDF realizou uma operação de desocupação no Torre Palace e conseguiu retirar todos os invasores do prédio abandonado.

A ação levou 40 minutos e envolveu cerca de 200 homens do Batalhão de Choque e do batalhão de Operações Especiais (Bope), dois helicópteros, disparos de bala de borracha e bombas de efeito moral.

GDF gastou R$ 802,94 mil com a operação de desocupação do hotel Torre Palace, e não conseguiu recuperar o valor. O dinheiro seria cobrado dos proprietários do hotel abandonado na Justiça.

No entanto, um imbróglio burocrático fez com que o imóvel permanecesse em um “limbo jurídico”: não pode ser restaurado, nem vendido, nem demolido.

Últimas tentativas

No início de setembro, o governo voltou a se movimentar para conseguir, na Justiça, uma decisão que autorize a demolição do hotel. Ou melhor, do que sobrou do hotel.

Em 2019, um pedido do mesmo tipo foi feito, mas a Justiça do DF negou a demolição. Em vez disso, ordenou que os herdeiros do prédio fizessem a manutenção do espaço. Segundo o GDF, contudo, essa ordem não estava sendo seguida.

Em 2020 o hotel Torre Palace foi a leilão, avaliado em R$ 35 milhões. No entanto, mesmo depois de seis dias de pregão online, o prédio não recebeu nenhum lance.

A venda do prédio foi determinada pela Justiça do Trabalho, e o valor arrecadado deveria ser utilizado para pagar dívidas de salários e direitos trabalhistas de ex-funcionários.

O edital previa uma segunda tentativa de leilão. Em 16 de dezembro de 2020, o hotel foi arrematado por R$ 17,6 milhões pela empresa RBS Administração de Imóveis LTDA.

Entretanto, a empresa entrou com pedido de desistência na Justiça, que foi aceito.

Área interna do hotel Torre Palace, com escadas sem proteção — Foto: Nilson Carvalho/Agência Brasília

Área interna do hotel Torre Palace, com escadas sem proteção — Foto: Nilson Carvalho/Agência Brasília

*COm informações de G1

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