Uma escolha simples.
Recentemente, se discutiu, ao nível nacional, a “retirada de certos direitos” entre
grupos específicos de PcD. Concomitantemente, foram analisadas alternativas
de avaliação e reconhecimento oficial de que determinadas patologias são
perfeitamente passíveis de serem enquadradas como deficiências. Entre elas,
doenças que causam danos irreversíveis e que tornam o paciente uma pessoa
com deficiência.
Há estados no Brasil, por exemplo, cuja legislação não abarca reconhecer
direitos de monoculares para isenções na aquisição de veículos. Esta percepção
legal torna uma vida com sérias limitações, ainda mais distópica, reduzindo o
espectro de oportunidades dos cidadãos afetados e, eventualmente, aqueles em
seu entorno. Trata-se de uma discussão de longa data, em que os atores
envolvidos, demandantes e proponentes das normas, se digladiam pelo simples
fato de estes últimos não conseguirem ter a real dimensão do problema sobre o
qual debatem.
Isso, naturalmente, gera um mal-estar entre os que convivem com o problema e
aqueles que sobre ele legislam em desconhecimento. A crise demonstra que o
improviso, fundado na treva do não saber, precisa ter limite. Quando não se
sistematiza e dissemina conhecimento suficiente para sustentar uma tomada de
decisão, surgem as distorções que colocam o proponente como retardatário nos
ganhos sociais. O surgimento de um desafio inesperado separa o estudioso do
negligente. Apenas os primeiros, os que buscam o aprimoramento contínuo,
conseguem agir com precisão e responsabilidade, pois já transformaram o saber
individual em um patrimônio de valor que se pode disseminar à coletividade. Em
situações como essa, a Gestão do Conhecimento se impõe como um ativo não
só relevante, mas de vital importância para a administração, em suas nuances
púbica ou privada.
O que se busca disponibilizar, em todo esse contexto, nada tem a ver com
“privilégios”, como alguns, mal-informados ou brutalizados pela ignorância, se
empenham em argumentar. Trata-se de promover a equidade no acesso aos
meios vitais, às oportunidades de aprendizado, trabalho, lazer e convivência.
Instrumentalizar as pessoas com deficiência com os meios necessários à sua
independência e autonomia implica em torná-las partícipes do processo de construção de um mundo mais inclusivo. Que recepcione da forma mais
equânime possível, a diversidade que cada um represente.
Com o advento de um sem-número de tecnologias assistivas, cada vez menos
se demandam esforços físicos para a produção de bens, execução de serviços
ou realização de riquezas. A humanidade vem galgando, célere, estágios
evolutivos que impressionam pela pujança e pelo alcance. A Inteligência Artificial
(IA) tem provido uma enorme gama de funcionalidades a equipamentos e
máquinas, pois libera o cérebro humano para funções mais nobres e
sofisticadas, enquanto reduz a demanda por atos eminentemente físicos. Eis a
transformação que deverá mudar o cenário em vida de plenitude ou de
decadência.
Quem ganha com a ruptura em relação à substituição da força física humana
pela força insensível das máquinas? Quem perde na luta contra um futuro
altamente tecnológico que se mostra cada vez mais presente? Com medo ou
com coragem, qual o lado a escolher frente ao que cada vez mais se mostra
inevitável?

Mário Sérgio Rodrigues Ananias é Escritor, Palestrante, Gestor Público e ativista da causa PcD. Autor do livro Sobre Viver com Pólio.
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Site: Mário S. R. Ananias – Sobre Viver com Pólio (mariosrananias.com.br)

2 Comments
Perfeito! Palavras certas!
Perfeito! Palavras certas! E no momento certo de dize-las!