Tecnologias automotivas ocultas

Queridos apimentados e apimentadas do nosso planeta terra: quintou! E mais um texto fresquinho vem chegando! E se você é expectador assíduo do nosso canal no YouTube já sabe que publicamos ontem um vídeo sobre Injeções mecânicas, uma tecnologia oculta do passado que, infelizmente, não povoou nossas terras tupiniquins (não de forma oficial).

Sim, seu possante tem MUITA tecnologia que você nem tem noção, se você não entende como funciona um motor. E, embora pareça que a sua central multimídia ou seu painel de LED seja a coisa mais tecnológica a bordo, sinto lhe desapontar… Até um simples carro popular hoje em dia tem capacidade de processamento semelhante ao seu celular/computador, logicamente, guardando as proporções e os objetivos.

Explico: Para que o seu motor funcione, tenha desempenho, economia, obedeça às normas de poluentes mais modernas, e ainda por cima consiga funcionar do mesmo modo no calor cuiabano e no frio do sul do Brasil, um “robô” multitarefas tem a responsabilidade de gerenciar todo o seu funcionamento, auxiliado pelos sensores mais modernos e fidedignos da atualidade.

Mas nem sempre foi assim. Voltando aos primeiros automóveis, onde não existia tanto foco em emissões de poluentes ou de funcionamento linear, era quase que unânime a utilização de carburadores, que tiveram consideráveis evoluções com o tempo, mas nunca um gerenciamento eletrônico complexo que fizesse com que seus parâmetros fossem modificados a ponto de corrigir ou otimizar o funcionamento de acordo com fatores externos, como: altitude, temperatura, pressão, qualidade do combustível etc. Isso acarretava alteração de desempenho e emissões, além de um funcionamento longe do ideal em condições diferentes do que foi ajustado. Resumindo: carros carburados funcionavam de maneira diferente na beira da praia (nível do mar) e em Brasília (mil metros acima do nível do mar). O único modo de ajustar o carro às condições era por meio de ajustes mecânicos e manuais. O famoso “desmonta, troca, monta”.

Com o passar das décadas uma solução mais moderna surgiu: a fantástica injeção mecânica. Ela conseguiu, pela primeira vez na indústria automotiva comercial, criar um sistema que tinha a capacidade de se ajustar aos fatores externos, sem usar componentes microprocessados, de forma simples e com soluções comuns à época. O incrível desse conjunto é que até hoje os parâmetros básicos de funcionamento, apesar de aprimorados, continuam os mesmos! Logicamente, na década de 60 era impossível utilizar um sistema eletrônico que fosse barato e principalmente pequeno e leve o suficiente para uma produção em massa. Sem falar nos sensores complexos que um motor demanda, onde precisam suportar temperatura, fluidos abrasivos e vibração em excesso, além de uma leitura precisa em milésimos de segundos.

Fuel Distribuidor. Foto: Reprodução

Não tivemos nenhum veículo nacional com esse sistema. Embora alguns fossem produzidos em nossas fábricas e equipados com injeção mecânica, todos iriam somente para exportação. Na época, o Brasil era (ainda é, ok?) um mercado consumidor totalmente preconceituoso com “novas tecnologias”, as regras de poluentes não ajudavam (ou nem existiam), então pra que inserir no varejo algo com um custo superior e que provavelmente sofreria com os tabus da indústria de reparação? Seguimos até o meio da década de 90, pasmem, vendendo carburadores, e a transição foi “direta” para a nossa já conhecida injeção eletrônica. Vale destacar que os primeiros modelos populares a adotarem o sistema, ainda trouxeram tecnologias já defasadas no exterior, e, ainda assim, o preconceito dos reparadores só terminou nos anos 2000!

Chegando aos dias de hoje, exceto as tecnologias que são visíveis e palpáveis, o seu motor, que herdou muito do sistema de injeção mecânica do passado, tem uma quantidade enorme de sistemas micro processados, sensores de altíssima precisão e resposta, uma rede de comunicação e automação de dar inveja a muito prédio comercial e um gerenciamento rápido e preciso, que mesmo usando aquele combustível duvidoso, numa condição completamente oposta ao acerto inicial, sequer deixa transparecer qualquer mudança no desempenho. A emissão de poluentes também não muda a ponto de confundirem seu carro com um trem à diesel, nem o consumo aumenta consideravelmente a ponto movimentar o valor das ações da Petrobras.

Uma pena que tudo isso depende de chips, que são fabricados em pequenas fábricas, que utilizam uma tecnologia exclusiva e cara, que tem uma produção limitada que já não atendia o mundo pré-pandêmico, que sofreu durante a pandemia por não poder utilizar muita mão de obra concomitante, que utiliza uma grande quantidade de água na sua produção, em falta antes de 2019, o que afeta a produtividade em cadeia de todos os setores, encarece os produtos…. Mas isso é papo para um outro texto!

William Marinho, engenheiro mecânico e entusiasta do mundo automotivo.

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