Inadimplência entre pequenas empresas atinge recorde histórico no Brasil, alerta especialista
Segundo a Serasa Experian, mais de 8 milhões de CNPJs estão negativados; advogada Cristiane Dorneles, do D&B Advogados Associados, destaca importância da gestão estratégica na recuperação de crédito
O número de micro e pequenas empresas inadimplentes no Brasil atingiu níveis recordes em 2025, de acordo com dados da Serasa Experian. São 8 milhões de CNPJs negativados, o maior índice desde o início da série histórica, com uma média de sete contas em aberto por empresa e dívidas próximas de R$3 mil por CNPJ.
Para a advogada Cristiane Dorneles, especialista em direito empresarial e sócia do escritório D&B Advogados Associados, o cenário expõe um problema estrutural de gestão e não apenas de endividamento. “O problema da inadimplência não está apenas no valor das dívidas, mas na falta de estrutura e estratégia para lidar com elas. Muitos empreendedores ainda tratam a cobrança como algo isolado, quando, na verdade, ela deve fazer parte da estratégia de gestão financeira”, explica Dorneles.
A especialista destaca que a recuperação de crédito moderna exige inteligência, empatia e profissionalismo. Segundo ela, a simples pressão por pagamento já não funciona. “Empresas que conseguem negociar com respeito e visão de longo prazo têm resultados muito melhores. Uma cobrança bem feita não destrói pontes, ela reconstrói relacionamentos e resgata oportunidades”, afirma.
Nos últimos anos, o avanço da tecnologia transformou o setor, com o uso de sistemas multicanais e análise de dados para personalizar a comunicação com o cliente. “O uso de ferramentas como WhatsApp, e-mail e inteligência de dados permite entender o perfil de cada devedor e ajustar o tom da negociação. Mas tecnologia sozinha não resolve. O diferencial está em equipes capacitadas, com sensibilidade e preparo jurídico”, complementa a advogada.

Cristiane Dorneles ressalta que a recuperação de crédito deixou de ser apenas cobrança e se tornou parte da sustentabilidade e do crescimento empresarial. “Quando a empresa recupera o que lhe é devido sem perder a relação com o cliente, ela ganha fôlego para investir, gerar empregos e fortalecer toda a cadeia de negócios. Em tempos de inadimplência recorde, o segredo não é cobrar mais, é cobrar melhor”, conclui.